Rotina intensa, exposição a riscos e informalidade revelam os bastidores de uma das funções mais presentes no setor de serviços
Cabeleireiras estão entre as profissionais mais presentes no mercado de trabalho brasileiro, movimentando um setor que cresce mesmo em meio a crises econômicas. No entanto, por trás da rotina que envolve escovas, colorações e cuidados estéticos, há uma realidade marcada por sobrecarga, invisibilidade e remuneração incompatível com a dedicação exigida.

A profissão, majoritariamente exercida por mulheres, segue fortemente informal e pouco reconhecida como carreira. A maioria atua sem vínculo formal de trabalho, enfrentando jornadas prolongadas, exposição a produtos químicos, lesões por esforço repetitivo e raros intervalos para descanso ou alimentação. “Sou cabeleireira, é claro que ainda não comi hoje” é uma frase que, longe do exagero, descreve fielmente a rotina de milhares de profissionais em salões ou atendimentos domiciliares.
Apesar dos desafios, a profissão continua sendo alternativa de renda e sobrevivência para muitas mulheres. Em regiões com escassez de empregos formais, é comum encontrar mulheres que, com poucos recursos, iniciam atendimentos em casa ou improvisam pequenos espaços em comunidades para atender suas clientes.

Yara Pimenta, que atua há mais de 18 anos na área, defende que o trabalho de uma cabeleireira vai além da estética. “Nosso trabalho transforma não só a aparência, mas a autoestima e, muitas vezes, o dia de uma pessoa. Existe propósito no que fazemos. Escutamos, acolhemos, ajudamos — e tudo isso acontece enquanto entregamos técnica. O problema é que, apesar disso, poucos enxergam a dimensão real da nossa entrega”, afirma.

Segundo dados do Sebrae, o setor de beleza é um dos que mais crescem entre os pequenos negócios no país, mas a informalidade e a ausência de políticas públicas específicas para esses profissionais mantêm grande parte das cabeleireiras em situação de vulnerabilidade trabalhista.
Especialistas alertam para a necessidade urgente de regulamentações que ofereçam garantias mínimas, capacitação contínua e condições dignas de trabalho. Em um país onde a estética move bilhões, é preciso olhar com mais atenção para quem faz esse setor acontecer — muitas vezes, com as próprias mãos e sem nenhum tipo de amparo institucional.
Destaque | Yara Pimenta
Cabeleireira, empreendedora e mentora de novas profissionais, Yara Pimenta iniciou sua trajetória atendendo clientes em domicílio e hoje é proprietária do próprio espaço. Com forte atuação nas redes sociais e presença em projetos de formação comunitária, defende a valorização da categoria e o olhar humano sobre o trabalho da mulher na área da beleza.

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