FONATRANS lança estudo pioneiro que expõe as múltiplas barreiras enfrentadas por essa população
O FONATRANS (Fórum Nacional de Travestis e Transexuais Negras e Negros) lançou um estudo inédito que revela as múltiplas barreiras enfrentadas pela população trans negra no Brasil. Intitulado “Travestilidades Negras”, o levantamento é o primeiro no país a documentar, com dados concretos, as condições de vida de travestis e transexuais negras e negros, e destaca como racismo e transfobia impactam a vida dessas pessoas de forma única e devastadora.

A pesquisa, que contou com a participação de mais de 400 respondentes, expõe uma realidade alarmante: 41% das pessoas trans negras vivem com menos de um salário mínimo, e 54,17% não possuem emprego formal, levando uma parcela significativa a recorrer ao trabalho informal ou à prostituição como principal fonte de renda. Além disso, 61,74% enfrentam evasão escolar, muitas vezes causada por discriminação nas instituições educacionais, e 20% relatam experiências de transfobia no sistema de saúde, dificultando o acesso a cuidados médicos básicos.

“O FONATRANS espera que este estudo seja um catalisador para a criação de políticas públicas eficazes, que assegurem o direito à educação, à saúde e ao trabalho digno para essa população. Queremos que esses dados sirvam de base para que autoridades, sociedade civil e defensores dos direitos humanos tomem medidas urgentes para reduzir as desigualdades e proteger essa população tão marginalizada,” declara a presidente do FONATRANS, Jovanna Cardoso da Silva.
Em sua fala, Jovanna Cardoso destaca a relevância histórica deste estudo. “Essa pesquisa nos enche de orgulho, pois foi pensada e executada por pessoas trans pretas, a população mais aviltada e marginalizada no Brasil. Nossa população sofre com um apagamento histórico, praticado até pelo próprio movimento LGBT de modo geral, e enfrenta a exclusão em áreas fundamentais: não tem pleno acesso à educação, ao mercado de trabalho e aos serviços governamentais de assistência em nenhuma esfera.”
Para além dos dados, o relatório do FONATRANS também sugere ações práticas. No campo da educação, por exemplo, propõe programas de permanência escolar que garantam um ambiente acolhedor, com capacitação de educadores para combater a transfobia e o racismo. No setor de saúde, recomenda políticas que garantam atendimento humanizado, com profissionais capacitados para atender às necessidades específicas da população trans negra.
Na área de empregabilidade, sugere incentivos para a contratação de pessoas trans negras, com o objetivo de reduzir a dependência de empregos informais e criar oportunidades de trabalho mais dignas e seguras.
O público-alvo do relatório é amplo, visando autoridades, organizações da sociedade civil, ativistas e veículos de comunicação.
A intenção do FONATRANS é engajar diferentes setores da sociedade na luta contra as desigualdades estruturais que afetam travestis e transexuais negras e negros. A pesquisa também busca sensibilizar o público em geral, destacando a importância da criação de políticas públicas inclusivas que promovam a justiça e a equidade para essa população.
Com este estudo, o FONATRANS se posiciona como uma voz pioneira na defesa dos direitos de travestis e transexuais negras e negros. “Pela primeira vez na história do país, esses dados estão disponíveis para subsidiar a criação de políticas públicas que promovam inclusão, resgatem a cidadania e contribuam para construir um Brasil mais igualitário, transformador e menos opressor,” conclui Jovanna.
O FONATRANS espera que este seja o primeiro de muitos passos rumo a uma sociedade mais justa, onde todos possam viver com dignidade e respeito, livres de opressões que historicamente têm silenciado e marginalizado tantas vidas.
Para mais informações e acesso ao relatório completo, entre em contato através dos e-mails fonatran@gmail.com ou projetos.fonatrans@hotmail.com, pelo Whatsapp (89) 99470-8399, ou pelas redes sociais @fonatrans.